Começamos a resenha de hoje respondendo a pergunta acima. Já conheceu alguém com TOC? Minha resposta é não, quer dizer, já ouvi tive um ou outro professor que diziam ter isso com relação aos seus quadros, que tinham onde setores do assunto deveriam estar com os mesmos gizes e tudo bem alinhadinho. Mas conhecer do jeito que conheceremos Aza, nunca.

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Aza Holmes é uma jovem que vem passando por um problema complicado. As vezes ela não sabe se é real e isso acabou levando-a para várias outras problemáticas diferentes, como temer ficar doente por conta das milhares de bactérias que existem em um corpo humano. E ela queria poder dizer que sua vida pessoal não é nem um pouco afetada por isso, mas seria mentira. Ao entrar em uma "espiral de pensamento" ela pouco consegue sair.

"Mas eu estava começando a entender que a vida é uma história que contam sobre nós, não uma história que escolhemos contar.
A gente finge ser o autor, claro. Não tem outro jeito. (...) A gente acha que é o pintor, mas é a tela."

E eis que o dono de uma grande empresa fica desaparecido depois de ter sua prisão decretada (ele é corrupto) e a empresa/polícia oferecem um prêmio de cem mil dólares para quem der alguma informação relevante capaz de ajudá-los a encontrar o empresário. Eis então que Daisy, melhor amiga de Holmes, decide que as duas poderiam investigar o desaparecimento.

Não seria algo tão difícil, afinal Holmes conhece Davis Pickett, filho do empresário. Quer dizer, ela não fala com ele há anos, mas ela ainda se recorda de algo que poderia ser útil na investigação. O plano foge um pouco do controle e Aza acaba tendo que falar com Davis. Eis então que ressurge uma amizade.

"Teria contado que, mesmo na época, Davis e eu não consersávamos muito, sequer nos olhávamos muito, mas que isso não importava, porque estávamos observando juntos o mesmo céu, o que, para mim, talvez seja mais íntimo do que contato visual. Qualquer um pode olhar para você, mas é muito raro encontrar quem veja o mesmo mundo que o seu."



Tartarugas até lá embaixo é um livro que tem uma verdadeira montanha russa de emoções. Você vai se preocupar com Aza, torcer por ela, chorar e rir muito. Outras vezes sentirá raiva, principalmente por ver que nem todos a entendem. Mas ora, talvez nós só sintamos isso porque estamos dentro da sua "espiral de pensamento".

Soube ao pesquisar este livro que o autor John Green estava passando por um problema semelhante. Desde seu último lançamento ele não conseguia escrever nada, até que veio a ideia de escrever sobre o que ele estava sentindo. E talvez seja essa uma das maiores cargas do livro. Ter a certeza de que aquelas linhas não são meramente ficcionais. Ele e tantas outras pessoas passam por esse problema, sem que percebamos.

A escrita do livro é toda em primeira pessoa, narrada pela Aza, justamente nos permitindo criar tanta empatia e carinho pela personagem. Ao longo do livro percebemos como suas crises afetam seus relacionamentos familiares, com os amigos e até mesmo com o próprio Davis. E a capa está linda demais e tem tudo a ver com a história, desde a espiral até o título.

Tartarugas até lá embaixo abordará depressão, TOC, corrupção, questões familiares dos mais diversos tipos. Sem dúvidas um livro marcante.

Quem aqui já leu? Ou pretende ler? O que acharam?

Beijos!