Palavreando: Desafios

by - 23:42:00



Desafios

"Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu... É sobre escalar e sentir que o caminho de fortaleceu..." 

Foi com esse trecho da música na cabeça que alcancei o topo da pedra, depois de uma trilha bem complicadinha. E eu senti os versos me penetrarem em todos os sentidos. Eu me sentia, um caco, é verdade. Minhas pernas tremiam de fraqueza, já que sempre desperdicei as aulas de educação física. Mas havia em tudo aqui um "quê" de desafio. 

Poucas situações provocam sentimentos que sejam capazes de ultrapassar a sensação de vermos o quanto somos capaz. Várias vezes difundimos incapacidades nossas, mesmo que estas nem tenham se provado verídicas. Quando eu aceitei os desafios de Caio, foi nisso que pensei. Quem era ele para dizer que eu não seria capaz de fazer alguma coisa?

Meu melhor amigo, pensei logo em seguida. Me conhece a vida inteira, desde que éramos dois pirralhos no jardim de infância. E me doía saber que eu era considerada tanto por ele quanto pela minha mãe uma pessoa medrosa. E possuidora daquele medo que paralisa. Aceitar algumas verdades são mais dolorosas que outras. 

Assumir que eu perdera algumas oportunidades (em todos os setores de minha vida) pelo medo de arriscar era chata. Mas necessário. Confesso que estava um pouco cega de raiva quando brigamos em meu aniversário e ele pôs o copo na mesa e me encarou:

- Eu te desafio, Brenda. - lembro que seu tom de voz estava estranho - A fazer algumas daquelas coisas para as quais sempre me diz não. 

E as imagens começaram a passar em minha cabeça, como flashbacks em um filme. Lembrei dos shows que evitei, das trilhas que fugi, dos filmes que ignorei. Das dores de cabeça que inventei só para não ter que ir a uma festa. Não seria tão difícil, não é? Fica a dica: nunca duvide de ninguém. Isso faz com que a pessoa em questão cometa loucuras. Eu disse sim, mesmo sem pensar que poderia ser mais difícil do que imaginava. 

E cá estou. Dois meses depois daquela festa estranha. 

Sou desperta dos devaneios pela sua risada, alta e contagiante. Revirei os olhos ao imaginar o motivo. Tinha 99% de certeza que era porque mal cheguei e já me sentei na pedra. Eu já comentei que tinha zero preparo físico? Totalmente o oposto dele. 

Um pouco mais calmo meu melhor amigo sentou ao meu lado. Dois meses. Eu já havia mudado tanto. Percebi que os muitos nãos ditos tinham mais a ver com o medo que sentia de ser julgada do que a falta de vontade de fazê-las. E se descobrir é libertador.

Eu me sentia assim: capaz de realizar tudo que desejasse realizar. E eu me aproximei do moreno ao meu lado e dei o abraço mais apertado que lembro de ter dado. 

- Obrigada! - sussurrei em seu ouvido e senti seu sorriso. 

Uma palavra e ele compreendia. Chegar ali (física e metaforicamente) era difícil, de fato. Mas a vista valia a pena. 


* Post para o projeto Escrevendo sem medo de Junho!






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10 Comments

  1. Reconhecer nossos próprios medos é o primeiro passo para supera-los e vence-los. Adorei seu texto, parabéns.
    Bjs Rose

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  2. Parabéns pela conquista! O teu texto fez-me refletir porque também sou um bocadinho como tu. Tenho noção de que às vezes preciso de arriscar um bocadinho mais em certos aspetos da minha vida.

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  3. Oie
    Muito belo o texto. Autoconhecimento é o mais importante de todos para sabermos melhor como ser feliz e como controlar nossos medos

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  4. Se texto descreve bem a importante de conhecer nosso limites e saber o momento certo de ultrapassar as barreiras que nosso medo nos impõem muitas vezes nos limitando de atingir nossa melhor versão.

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  5. Olá...Parabéns, adorei o texto!

    Gosto de coisas do tipo...que fazem a gente refletir.

    Abraços

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